João Roberto Ripper
Um caso de amor...
Acredito que o fotógrafo João Roberto Ripper não suporta mais tantos amores na vida... Mas quem manda ele ter a fotografia como missão e fazer tanta coisa boa pelo metiér e consequentemente pelas pessoas???!!! Quem possui bom juízo tem respeito, orgulho por quem faz este tipo de traballho.
Ana Lira, fotógrafa pernambucana - mais uma apaixonada pelo mestre das Imagens Humanas - me deu mais um motivo para a minha admiração por ele ascender: o livro "Retrato Escravo", lançado ano passado, publicado pela Organização Internacional do Trabalho, com fotos dele e do piauiense não menos competente Sérgio Carvalho. Ganhei de presente no Natal, que chegou em minha casa quase que pelo Papai Noel, com direito à cartinha linda escrita em guardanapo. Aninha me deu este maravilhoso presente com a incumbência dada a ela de repassar "a pessoas que pudessem desenvolver trabalhos e discussões a partir dele".
Já faz quase 4 meses que vejo este livro na minha estante e nas minhas mãos e me tomo sem fôlego para escrever algo sobre ele. Evitei ao máximo me debruçar sobre cada foto. Quase uma covardia, assumo... Mas é que tem sido difícil lidar com o conhecimento a respeito de certas situações que ainda possam existir no país e no mundo, como se vivéssemos num regime gutural de comunicação e ação ainda... Infelizmente...
Desde que vi a exposição de Ripper na Caixa Cultural em São Paulo em 2009 - quando pude conhecer a história da forte-frágil Olga, mulher que ficou cega no trabalho escravo em carvoarias, esposa de João Anselmo - tive a plena certeza de que o trabalho deste fotógrafo era mais do que admirável. É como se sentíssemos Ripper entrando no peito de cada fotografado, mas de maneira muito sincera e fiel, com todo o respeito devido.
E como bem diz no livro o jornalista e cientista político, Leonardo Sakamoto: (vale ver o excelente blog do Leonardo) "As fotos aqui mostradas não são imagens, mas um chamado à ação".
Pois vamos à ação, tomando-o como exemplo... Tenho ido aos poucos, mas com certeza este livro é um bom detonador de atitude perante certos temas ainda recorrentes nas regiões do mundo.
E, segundo o semiólogo Roland Barthes, ele reune o punctum e o studium numa só foto... (leiam sobre este assunto no excelente resumo escrito em 2006 pelo fotógrafo doutor em Artes, Ronaldo Entler).
O livro é mais do que belo e socialmente responsável... É um sacolejador de almas!
Sérgio Carvalho
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