bresson, marcelo buainain, sidney magal: a imagem cura!! feliz 2010!!

Foto: Exposição Bressonianas - Marcelo Buainain

Antes de desejos de um maravilhoso novo ano e votos de bem elaboradas e pensadas fotos em 2010, devo um post no mínimo engraçado a respeito da última exposição do ano vista por mim: a de Cartier Bresson, no SESC Pinheiros em São Paulo. Nos 45 minutos finais do segundo tempo? Sim, tenho dessas coisas de ou deixar pra depois ou pra bem antes as coisas na minha vida. Nunca é assim, no meio, certinho, no tempo certo... Mas enfim... Vamos lá!! Bresson é aquele indivíduo fotógrafo que sim dispensa comentários ou merece todos os reduntantes excelentes feitos a ele. Alguém já dizia na exposição: "como ele conseguiu dispor as pessoas, as coisas, os animais tudo tão coerente e tão ajustado corretamente e de maneira tão harmônica?" Sempre de impressionar mesmo as fotos do mestre com esta capacidade que tinha de estar no lugar certo e na hora certa. E ele que odiava ser fotografado...

Lindas fotos, como sempre e as de seus discípulos ensaístas Bressonianos também. Marcelo Buainain, o campo-grandense documentarista é de uma simplicidade estética do olhar com uma carga qualitativa e documental de chorar. Não me canso de ver e de comentar sobre suas imagens ricas em conteúdo e buscadas com afinco por ele. Pois me impressionou e me realizei vendo suas fotos...

Mas o que eu não poderia imaginar é que ao meu lado, investigando, se emocionando, se concentrando, encarando seriamente, perguntando com aquele vozeirão grave estaria um outro mestre, o das Sandras Rosas Madalenas: Sidney Magal!! Olhei pra o lado e ouvi a pergunta: "mas ele (Bresson) era italiano??" Daí logo em seguida a resposta de uma colega sua que o acompanhava junto com um grupo muito divertido que disse: "não, Magal, ele era francês". Daí em diante não sabia se via a exposição ou escutava os comentários dele sobre Bresson. Magal fixava o olhar, tirava os óculos, quase colava o rosto nas fotos observando detalhes. E não queria tietagem... Falei um "olá, Magal". Ele imediatamente tirou seu oclinhos olhou em minha direção e me cumprimentou seriamente e voltando rapidamente o olhar para o texto do curador da mostra, Eder Chiodetto sem querer perder tempo algum. Um apaixonado pela fotografia!!!O estereótipo do cigano, com um sorriso largo e piadas engraçadas e ídolo das divas que geralmente tiram os sutiãs em seus shows, deu lugar a um senhor compenetrado e muito interessado em fotografia, mesmo considerando Bresson italiano, mas disposto a aprender muito sobre o assunto.

Uma outra personagem que me chamou muito a atenção - que não quis dizer seu nome, mas me contou que morava na zona leste - estava com o neto e apresentava Bresson, explicando cada ângulo, cada detalhe que maravilhava o menino de 7 anos. Eu disse a ela que era ótimo o que estava fazendo com o neto de apresentar com tanto carinho e tanto alfabetismo visual aquelas fotos. E comentei ainda que muita gente ia ver a exposição só para dizer que estava lá e não para perceber, aprender, saber realmente o que havia naquelas imagens... E ela me respondeu com palavras que já estavam na ponta da língua: "A imagem cura, minha querida! Se não aprendemos a ver, se não as vemos direito o cérebro esvazia e, infelizmente, o coração também". Balancei a cabeça e agradeci o comentário que me deixou sem sono...

Saí da exposição não somente aprendendo com Bresson e com os Bressonianos, mas também com Magal e com esta senhorinha que me relatou a visão da cura!!

Pois então, um Feliz Ano Novo!! Que a fotografia de vocês tenha um novo e melhor sentido este ano que chega, com tantos acontecimentos e tanta vida pela frente!! Boa cura para vocês!! Até semana que vem, até 2010!!