domingo, 18 de novembro de 2007

fotografia na carta capital

A revista Carta na Escola, (revista da Carta Capital criada há 2 anos com o objetivo de trazer temas da atualidade para debate e reflexão na sala de aula) publicou nesta edição de novembro dois artigos com matéria de capa sobre a Fotografia. "O que uma foto diz: aprenda a usar os recursos da semiologia para analisar uma fotografia em classe".
A foto que está na capa é de uma mãe com sua criança de colo em Niger vencedora do World Press Photo em 2005 do fotógrafo Finbarr O'Reilly.
Um dos artigos se intitula "Instante Eterno", descrevendo os pensamentos fotográficos do teórico e professor Boris Kossoy e o outro é escrito pela professora do programa de Pós-Graduação em Comunicação e Semiótica da PUC-SP, Lúcia Santaella que discute a "Alfabetização do Olhar".
Foi Boris Kossoy - para quem não sabe ou não lembra - que constatou com uma repercussão extraordinária para o fato que a fotografia foi inventada no Brasil, em 1833, pelo viajante francês Hércules Florence. Ele está com novo livro editado o "Os Tempos da Fotografia - o Efêmero e o Perpétuo".
Ele cita March Bloch, historiador dos bons que ia de encontro a escola positivista do século XIX. Para este historiador e os que são de sua mesma escola a grandeza de faz a partir das coisas miúdas e fora do 'digamos' sistema histórico convencional.
Kossoy argumenta a partir disso que a fotografia apesar de estar lá para retratar um momento "guarda sempre indícios da sociedade que a produziu". A fotografia não deveria ser então um documento tedioso. Para ele é nos vestígios e detalhes de uma foto que realmente se encontra o contexto em que ela foi realmente produzida.
Já Lúcia Santaella, mesmo para os antipatizantes da semiótica, o texto "Alfabetização do Olhar" é bem instigante quando ela cita o poder indiciador da fotografia que se traduz em ser "um traço do real" que "tem 4 princípios" por ela elencados:
1- conexão física - o objeto estava fisicamente diante da objetiva no momento do clique
2 - singularidade - o instante que o clique capturou é único, singular, mesmo que o ato se repita
3 - designação - funciona como um dedo que aponta para algo da realidade
4 - testemunho - dá o seu testemunho de presença naquele tempo e espaço
Segundo ainda Santaella "quanto mais estiver enfatizado o caráter estético de uma fotografia, fruto do talento com que alguns agentes entram em simbiose com o olho da câmera no confronto com o real, mais a foto acionará as faculdades sensíveis dos seus intérpretes. Quanto mais o flagrante fotográfico for capaz de diagnosticar os múltiplos pontos de vista de uma dada situação, tanto mais seus intérpretes serão capazes de encontrar pistas para a reconstituição dessa situação. Quanto mais uma foto for portadora de valores simbólicos, mais carregada ela estará de significados coletivos que falam à cultura. Evidentemente, esses três caminhos podem se misturar tanto quanto um pode dominar sobre os outros, características que só podem ser analisadas em cada foto", conclui.
Leiam! Muito bom para discutir, argumentar...

Um comentário:

Anônimo disse...

Excelente post, Luciana! Vem de encontro aos temas aos quais venho me dedicando.