domingo, 28 de outubro de 2007

fotografia e memória
















Este mês a revista National Geographic estampa na capa sua matéria principal sobre memória. A chamada da matéria, "Lembre-se disto: nos arquivos do cérebro nossa vida perdura ou desaparece" me faz pensar em substituir duas palavras por outra. "Lembre-se disto: nos arquivos fotográficos nossa vida perdura ou desaparece".

Lembrar e esquecer... Quando vemos uma fotografia, entre outros sentimentos por exemplo, nos remetemos a um mundo imaginário, de transição, poesia e vastidão do olhar imenso!! E principalmente se para o observador o tempo daquela imagem significa muito tempo que se passou... Ou muitas águas que rolaram... É um misto de melancolia, alegria, descobrir de panos, quebra da dureza ou da certeza de algo...

Acho engraçada a frase: "fulano tem uma boa memória"... Para quê ou para quem?

Maggie Steber, fotógrafa documental que participa desta edição da revista, fotografa a mãe que vem perdendo a memória com o passar dos anos... Ela diz que mesmo que signifiquem terras distantes e a mãe não se reconheça nas fotos o que ela quer é ajudar nesta travessia, nesta transição de ambas...

Lendo esta matéria me "lembrei" de uma disciplina que participei como aluna especial na Unicamp em 2005 quando assisti a uma defesa de tese de uma jornalista muito empenhada no tema da memória. E memória fotográfica. Um belo trabalho de organização, seleção e dinâmica de memória externa. Fabiana Bruno, pesquisou os baús fotográficos de idosos para sua tese de mestrado no curso de Multimeios, no Instituto de Artes da Unicamp. Contou com emoção como alguns dos seus selecionados ativistas da memória visual se dispuseram a revirar seus próprios arquivos fotográficos caseiros e em como isso mudou a vida pacata de muitos de seus pesquisados...

Ela, que sempre se emocionava com as histórias de sua avó, participou de uma coleta de memória fantástica através desses idosos. E se sensibilizava junto com a visualidade da passagem do tempo e em como cada fotografia tinha um significado muito importante para cada um... O que me chamou a atenção ouvindo sobre este trabalho é que Fabiana pedia aos idosos que escolhessem as fotos que fossem mais representativas para eles e que nem sempre eram as que mais gostavam, mas eram muito importantes no tempo e que falavam sobre mudanças. Eram fotos que contavam principalmente sobre desejos realizados ou não, como por exemplo o sonho de uma senhora em fugir com o circo e virar trapezista... Em suas fotos o circo surgia na infância e na adolescência. Quando ela se casa, o circo desaparece de suas fotos... E entram o marido e os filhos no lugar...
É a fotografia... E isso é lindo...

2 comentários:

Anônimo disse...

Outro trabalho muito interessante é do fotógrafo mexicano Pedro Meyer intitulado “Fotografio para Recordar”, que pode ser encontrado no link da revista eletrônica Zone Zero. Nele, o fotógrafo traz um audiovisual com fotografias que relatam a história de sua família e, mais especificamente, de seus pais.

Anônimo disse...

muito bom, alf... muito obrigada por seus comentários!! abraço, luciana cavalcanti.